quinta-feira, 4 de junho de 2020

    


                          RESPONDENDO (às vezes) AOS LEITORES 02


Humanos/desumanos:

Aproveitando a quarentena, em função da pandemia desta desconhecida doença que nos assola e ao mundo, acrescida de outro vírus local, este político, que  causa preocupação,pois desumanos deram atenção a este em detrimento daquele, que é mais importante ( diz respeito à vida humana!!), diversamente de alguns países, governados por mulheres( só podia ser!!) , humanas, em que todos se uniram em torno da doença ( deu certo!!), responderemos aos amados leitores.
 Como são imensas e perfumadas (agradeço!)missivas, contei com a ajuda de minha eterna governanta Goldawasser , que de olhos vendados com uma tira de seda escura italiana, sorteou as felizardas cartinhas.
Dispensei, dada a situação, meu enorme grupo de ajudantes. Assim: meu motorista paquistanês Neca di Bitibiriba ( Piti, para os íntimos) discreto, bonito e educado;meu secretário particular Gildo, ex bailarino famoso em sua amada  Lombardia/Itália,sempre alegre, alto astral e saltitante;minha equipe de chefes de cozinha francesa chamados Liberté, Égalité e Fraternité, competentes profissionais. Aliás vou sentir falta destes “mentirosos”, pois contam piadas , cuja mentira, o engodo, é o tema, quem sabe pelos nomes…Dos jardineiros Rosálio, Margarido e Florindo , sempre caprichosos no paisagismo de minha mansão estilo bávaro normando. Estes são daqui mesmo, do Município que tem o exótico nome de Varre-Sai (RJ).Minha arrumadeira /copeira Ludmilah, russa siberiana,ensimesmada, circunspecta, linda e solitária. Excelente em tudo o que faz.
Sei que estão bem. Pago,por justiça, seus salários. A única que ficou, pois não tinha onde ir, não tem mais a família em Cracóvia ( Polônia), foi a minha querida e fiel governanta Goldawasser. A mãe que nunca tive.
 Após um lanche frugal , com frutas da Alsácia, queijos suíços, torradas e chocolates belgas, chás da Índia,  água mineral francesa.Estava com uma saída de crochê do Haiti,escondendo(pouco) meu  sensual corpo curvilíneo. Minha pele morena e cabelos dourados contrastavam com sandálias brancas de couro italiano.
Assim começamos:

Amada Flora Alma :- “ Sou casada  há 16 anos e pelas brigas que tive com Oriovaldo ( o Ori), acho que não dá mais. Ele já saiu de casa umas 98 vezes. Vai e volta. Os vizinhos do condomínio( blocos A a U !),são milhares, fazem sempre um bolão para ver quanto tempo dura o exílio do infeliz : se arrumou outra ( é galinha, desculpe o termo), se volta bêbado ( bebe como um gambá) ou sóbrio,se não volta mais num período de 35 dias, se some de vez, etc ,etc.  Isto tudo com pontos para cada item. O premio é uma torta de abacaxi, feita por uma doceira profissional, do 1101, bloco H, de mão cheia. Alguns já ganharam. É sempre uma festa! O que devo de fazer? Atenciosamente, Amafaldah, de Catharina Gardens ( Jardim Catarina.S.G./RJ)

Querida e ansiosa Amafaldah de Catharina Gardens:- Tenha calma.Converse com o Ori, sem a presença das crianças. 16 anos é um tempo. Tente. Insista. E, se realmente não der certo, troque a fechadura e ganhe a deliciosa torta de abacaxi, sozinha.Chame a flia./amigos para comemorar!! Seja feliz. Sua f.a.

Florinha, amada:-“ Estou com um problema daqueles: meu companheiro o Rosalindo fumaça,quando dorme, não passa 10 minutinhos, começa a soltar gases ( daí o apelido, fumaça, acho) e ronca estrepitosamente. Uma desafinada orquestra completa. Passo a noite toda , sem respirar e sem dormir. Catuco a criatura, que em vez de parar , aumenta os estrondos. As crianças não dormem de medo, pensando tratar-se do fim do mundo: pensam em bombas,foguetes, morteiro, artilharia aérea. A cristaleira de vidro reforçado aqui de casa rachou. Já ouvi reclamações de vizinhos, que mandam abaixar o rádio, que não existe! Faço o que? Gosto dele, ele gosta de mim, é bom esposo/pai e não quero acabar meu casamento por causa disto. Com carinho,Merileide da Covanca Moutains ( Morro da Covanca/RJ)
 Estimada nervosa Merileide da Covanca Mountains : Converse com o Fumaça, seriamente, de dia. Sem a presença das crianças, é claro. Explique a situação que vc e os filhos não dormem, quer pelo cheiro , quer pelo som. Um bom e simples antigases e tratamento do ronco, a conselho médico, pode ser feito.Caso ele , não queira, durma uma única noite de tampão de ouvidos e respirador , passando pelo buraco da coberta. Na segunda noite, mande ele tocar sua dissonante orquestra em outra freguesia. Saúde e paz. Sua f.a.

Cara Flora Alma : Sou casada e tenho 03 filhos. Acontece que meu esposo chega ao lar e não me ajuda em nada, nos trabalhos domésticos. Além de trabalhar duro lá fora, faço sozinha as tarefas: cozinho, lavo a roupa, ajudo com os deveres escolares dos filhos, cuido do nosso jardim, etc etc. Nem tirar da mesa, o cara tira. Nem lavar a louça. Nem colocar uma fronha é capaz. Deixa a toalha de banho molhada no chão do banheiro, algumas vezes a cueca tb, esquece de levantar o assento do vaso sanitário, quando o usa. Começa o dia, ele toma o café, para ir trabalhar e deixa a mesa cheia de farelo de pão, migalhas. Eu sou muito organizada e limpa, e começar o dia com sobras e restos de pão na toalha imaculadamente branca de linho, me deixa alterada.Inicio mal o dia. O que devo fazer? Agradecida, Mulher Maravilha de Paqueta Island ( Ilha de Paquetá RJ)
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Linda Mulher Maravilha de Paqueta Island : Seu caso, desculpe, me faz lembrar de Dorival ( Dori, para os íntimos). Quando, casamos , eu fui logo dizendo: “- Vamos dividir as tarefas domésticas!! Numa boa.Mas olhando nos olhos dele com a maior seriedade do mundo!!Deu certo: Dori adorava lavar a louça( e que capricho!!), ele dizia que lavar a louça e “arear” uma panela é a melhor das terapias. Ele cantava o hino do Vasco com alegria, lavando os pratos, talheres, mesmo o Vasco perdendo ( o que não era novidade!!).Passava o esfregão no chão(éramos pobres),com uma felicidade de uma criança comendo batata frita.Passava a roupa, ouvindo no rádio a novela, parecia  um anjo de felicidade.Ria ou chorava, de acordo com o desenrolar da mesma : extremamente sensível, o Dori. Mas, o destino dele foi outro. Leia  CASAMENTO IDEAL. Então, Mulher Maravilha, converse com o machista e faça ver os nossos direitos. Longe dos pimpolhos. Caso não resolva, não se desespere. Tente o dialogo novamente e diga que  se ele não dividir os trabalhos do lar, vc tomará providencias. Não diga qual. Os homens são medrosos, frágeis e dependem de nós. Vai dar certo. Com carinho, sua f.a.
Cara Sra. Flora Alma: Espero encontrá-la bem, assim como os seus familiares. Sou viúvo, idoso, tenho 77 anos, tenho netos.Sou de família nobre e tradicional. Atualmente cuido dos meus cavalos puro sangue, em meu haras. Estou bem de saúde, pois faço exercícios, caminho, pilates,etc Não fumo e não bebo. Ocorre, que numa bela tarde de verão, após deixar meu helicóptero o Flecha de Ouro, no heliporto do prédio de minha propriedade, no centro da cidade, e indo para a minha enorme e luxuosa cobertura,  no meu elevador privativo, panorâmico em frente ao mar,no bairro do Leblon, tive uma miragem !! Em minha companhia subia uma jovem ( poderia ser minha neta!!) de uma beleza estonteante. Olhei-a de cima a baixo : corpo curvilíneo, escultural!! Uma deusa!! Olhos verdes, cabelos com mechas louras, pele morena. Sorriso especial. Dentes alvíssimos. Lábios carnudos. Nariz perfeito. Não dou mais detalhes de seu corpo, em respeito à Senhora e aos seus inúmeros leitores.Vestida de quem vai à praia.  E, ela também retribuiu o olhar!! Deu-se uma química. Por sorte minha( ou dela tb), ela tinha tomado o elevador errado. Pediu desculpas. Trocamos telefones. Ela mora no Grajaú , zona norte do Rio de Janeiro. Origem humilde, disse-me ela. Pois bem: Na primeira ( e única ) saída, que tivemos, para tomar um lanche , na cobertura de um hotel 5 estrelas, fui olhado como um Marciano : surpresa, risos, piadinhas. Tivemos que sair. Meu filhos dizem que é ridícula , a situação. Chamando a musa de interesseira! Ela diz que gosta de mim. Eu pergunto, gostar de que: nossos interesses são diferentes, não a acompanho pela idade, não sou mais flamante e pimpão e “aquilo” ( perdão), naturalmente, não mais látego e túrgido. Ela insiste. Será que por trás de tudo isto , não terá, por parte dela, outras más intenções? Ajude-me.Atenciosamente, Aughuste Claude, (Leblon/RJ)
Caro Sr. Aughuste Claude, do Leblon/RJ: Agradeço suas considerações educadas , a meu respeito. É um caso, que temos visto com muita frequência. Indo direto ao ponto: existem apetrechos em lojas eróticas que satisfazem aos dois. A pílula milagrosa!!...  A Medicina evolui muito. Cuidado com as plásticas, pois tenho um caso na família, em que  a  minha tia Vyborah, foi a um enterro de um familiar e ria… É que quando andava, a boca abria, consequência da pele esticada…  Constrangimento total. Use o que tem no seu corpo, que não acaba. Não preciso citar…Quanto aos risos e piadas de mal gosto: Inveja!! Não ligue. Todos temos telhados de vidro. Ninguém pode julgar ninguém.Repito e ouso( pedindo perdão): a inveja é uma merda!!Agora, antes de qualquer passo mais sério, dê um tempo, e vai observando qual é a dela. Percebe? Neste meio tempo vai ficando, termo usado certamente pela maravilha escultural.Eu e meu ex o Dorival ( Dori para os íntimos) usávamos de tudo!!... Era uma felicidade só!!  Seja feliz e tenha saúde, f.a.
Querida Flora Alma :Boa Noite! Escrevo estas mal traçadas linhas, para pedir socorro! Sou recém casada com o Friendenreichmiller (fri fri , é mais fácil!), infeliz nome dado pelo avô, que era aposentado, amante de futebol e aos domingos era bandeirinha, no campo de terra batida, aqui na nossa Comunidade.Ele quis homenagear a quem trouxe o futebol para cá e ao primeiro famoso craque da bola. Infeliz porque Fri fri, só pensa em futebol! De manhã acompanha o futebol japonês( pelo fuso horário!),á tarde/noite o alemão, francês, inglês, espanhol, português, italiano,russo, húngaro, polonês,africano ( quase todos!) e o brasileiro em todas as divisões! Em outros estados, tb! Tem, no quarto dos fundos( que era da sogra, que jurou que não vem mais aqui), uma biblioteca de revistas, jornais, etc sobre futebol brasileiro e do mundo! As paredes são cobertas com fotos de jogadores renomados. No canto, junto a foto de um craque famoso que falece, uma vela fica acessa 24hs! Ele passa o dia todo, memorizando o time . Agora  mesmo , passou por aqui ,indo e vindo, tentando memorizar o time do S. Cristovão , campeão carioca de 1926! De noite, sonhando, narra e comenta ( como narrador e como comentarista, em duas vozes diferentes! Como é possível?) a Copa de 2002! Dorme de chuteiras, com o uniforme do Íbis Sport Clube, o maior perdedor , que se tem notícia, segundo o triste infeliz.Cada dia veste-se de um uniforme de time diferente! Como ganhou uma bolada no jogo do bicho, não está trabalhando. É um excelente pintor! A exemplo de Maradona, quer abrir uma Igreja com um nome de algum jogador famoso. Para tal, está fazendo uma enquete na Comunidade. Socorro! O que devo de fazer? Atenciosamente, Greicequeli, do Jucas hole ( Buraco do Juca/RJ).
Sofrida Graicequeli, do Jucas hole: É séria  a coisa.O meu ex , o Dorivaldo ( Dori, para os íntimos) tb gostava de futebol. Dizem que era um meio de campo, que lembrava o Didi.  Ele dizia que igual a Garrincha e Pelé, não apareceu até hoje, ninguém igual. E, torcia pelo Vasco, discretamente. O sogro era Flamengo. Não se bicavam. Mas, o seu relato deste fanático é impressionante!! Olha, quem sabe uma conversa séria, no intervalo do jogo, claro, não ajudaria? Uma ajuda psicológica seria o ideal, penso eu, seria bem vinda.Corra atrás, para salvar o amor, que vc tem por este torcedor!! Caso, após um período conveniente, ele continuar o mesmo, tome alguma decisão que lhe traga felicidade!! Uma delas, sugiro : envia-lo a concentração do time da Comunidade para viver e chamar sua mãe de volta ao quartinho dos fundos, ex- museu do futebol. Mas, acho e vamos torcer( sem trocadilho!!), que a primeira opção prevaleça. Vai ser um gol de placa!! Fique bem.Sua f.a.
Irreverante e adorada Flora Alma: Boa Noite! Venho por meio desta, solicitar uma urgente ajuda: Sou recém casado e a minha estonteante jovem esposa,a Dadyvhosa ( Dadi, para os íntimos) anda pelo prédio aqui , chamado de Real- Residencial , 08 por andar, com trajes indecentes( acho eu!) no verão. Muito bem dotada fisicamente,belíssima, anda com um decote escandaloso, shortinho curtíssimo. Dia destes , foi lavar o nosso carro, na calçada do prédio e provocou 02 batidas de vans/kombi no poste, 03 bicicletas beijaram com seus donos 03 árvores, as janelas lotadas de vizinhos e uma multidão de curiosos se formou. Ela chama o prédio de Real-Ridículo! Isto é constante. Nos amamos muito! Não sei onde isto vai parar. Necessito ajuda.Sinceramente, Santhelmo de Gold River /SG( Rio do Ouro/SG).
Prezado Santhelmo, periclitante, de Gold River/SG: Se a desinibida de Gold River ( desculpe, lembrei-me da Desinibida do Grajaú, do imortal e saudoso Sergio Porto, o Stanislaw Ponte Preta , vejam!!) usa estes trajes no verão( que deve ser terrível aí em Gold River!!), se dá ao respeito, não vejo muito problema. Conheci uma arquiteta, com os mesmos atributos físicos que a Dadi , que ia à obra em trajes mínimos , no verão. No inicio, foi um auê, mas pouco tempo depois, ela manteve o respeito e o devido distanciamento profissional. Nada aconteceu!! O problema tb é cultural: platéia, batidas no trânsito, etc etc .Ela não tem culpa de ser um “avião”… Não são os trajes, meu caro Santhelmo, que causam confusão, é a postura e a cabeça das pessoas. Eu que o diga: vc me acompanha nos meu relatos sobre meus trajes… Então , se ela se “comporta” devidamente, não vejo nada demais.Dou razão a ela por mudar o nome do prédio. E, se lava bem o carro(economizando na despesa), preserve-a!! Cuide do amor. Abs . Sua f.a.
Informamos aos incontáveis consulentes, que esta amada e discreta coluna não atende a solicitações que dizem respeito à política, futebol e religião.Rogo não insistir, e sinto muitíssimo pelas toneladas de cartas não respondidas.

Sempre sua;

f.a.







sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

CHATOS, CHATICES, ETC E TAL

                                                       


                                               




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  • Humanos e desumanos :
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  • Meus incontáveis leitores, uma massa gigantesca de humanos e desumanos acamparam em frente a minha mansão de estilo bávaro.Mostrando placas e faixas para que eu me manifestasse. A eleição tinha passado. Eu não me candidatei. Daí a minha estranheza… O calor reinava. Poderia, como economia( e, os tempos são favoráveis!) fritar algum ovo na calçada.Coloquei aquela blusa transparente, onde dois punhais apontavam para o infinito.Short azul turquesa das Antilhas e aquelas sandálias douradas italianas de salto, apoiavam roliças coxas.Minha pele bronzeada do Caribe, contrastava com o cabelo louro, livre, leve e solto.Quando apareci na sacada estilo art noveau, um frisson tomou conta da multidão.Estava, como sempre, sem falsa modéstia, deslumbrante.

  • Após meus torneados e languidos braços, pedirem silencio, no que fui atendida, iniciei: “Agradeço a presença de todos(as), e, por motivo de uma rouquidão, não falarei. Motivo:Tinha dublado Rita Hayworth em New York e nevava na grande maçã. Mas escreverei em meu blog,breve. Prometo, o que me pedem."

  •  Minha fiel governanta Goldawasser( Golda) junto com meu não menos fiel  motorista hindu Neca Di Pitibiriba( Piti para os íntimos), de luvas brancas, e a vasta criadagem serviram limonada ( limões da Sicília) gelada para o povo, que após matarem a sede foi se dispersando, pacificamente. Assim:

  •  A chatice é cronica.As vezes irrecuperável. Na minha família os chatos se multiplicam, feito formigas.

  •  O Dorival( Dori para os íntimos) só falava dando uma catucada com o dedo, no corpo do outro(a). Já imaginou um cara deste conversando com alguém um longo assunto e a cada frase, o seu dedo indicador trabalha junto com sua fala. É demais… Uma das razões de nossa separação foi esta: meu lindo corpitcho cravejado de roxo.
  • Tia Lacraia era outra: Após cada frase, engatava um “entendeu”.De uma feita, falando pelos cotovelos, tia Lacraia, falou 84( oitenta e quatro!)vezes“entendeu”…Contados sorrateiramente pelo neto Juniorialdo.  Não há ser humano que aguente.Quando chegava em uma reunião familiar, as pessoas se entreolhavam e a senha para fugir dali era: entendeu?... Ela nunca entendeu a dispersão familiar em torno dela…
  • Tia Vyborah, quando ia ao cinema , tinha o mau hábito de mexer a perna direita, resultando em chutar o assento à sua frente. Um transtorno e infelicidade para quem estava sentado. Quando a cena era de uma forte emoção, tia Vyborah chutava com vontade a poltrona do espectador. Este, de uma feita , exasperou-se e levantando-se, falou impropérios para a infeliz… As luzes se acenderam. A sessão foi suspensa. Tia Vyborah, foi considerada persona non grata nos cinemas da cidade.

  • Tio Anaconda, cuspia a cada passo que dava também a cada frase proferida.Era um assombro, ou melhor, uma vergonha. Quando criança colocaram, maldosamente o apelido de cachoeira… Jogando futebol, molhava o gramado com seu cuspe. Era tão constante o cuspe, que matava baratas, escorpiões, etc com aquele nojento jato chato.Outro que, para qualquer aproximação, o uso de lenço era imprescindível.

  • Primo Gorgyah colocava o som do carro nas alturas. E, como mudava de carro a cada ano, mais potente era o som. Um inferno.Nem ele aguentava. Uma vez , parado pela polícia, não ouviu nada do guarda, muito menos do delegado. Maldosamente chamado de estrondo.Perdeu a carteira de motorista  e a audição…

  • Prima Fellycia tem como hábito falar só tragédias, dramas, infortúnios. Não ouvi nada fora deste contexto, de seus trêmulos lábios.Invicta, nunca casou.          Dizem que tem uma coleção de morcegos, em sua casa, chamada pela família de caverna. Veste-se de preto da cabeça aos pés.  Um espectro. Fantasmagórica. É um arauto da tragédia. Quando liga e sempre liga: alguém morreu ou está prestes…Adora falar em doenças. As dela eram mais graves, comparando com as outras pessoas.Sua linha telefônica foi interditada.

  • Assim como os personagens citados( toda e qualquer semelhança é mera coincidência) a vida tem momentos de extrema chatice, convenhamos. Mas, imersa em minha banheira semi olímpica turca, com sais aromáticos finlandeses e fumando um cubano autêntico, a chatice fica menos chata.
  • f.a


terça-feira, 30 de janeiro de 2018

RESPONDENDO (ÀS VEZES) AOS LEITORES 01





                                                  

Humanos/desumanos:


Após o frugal café da manhã: frutas dos Andes, leite desnatado suíço, pães integrais italianos, brioches franceses, sucos do Caribe, água mineral dos Pirineus, queijos da Alsácia, etc. fui para o meu refrigerado salão grená estilo bávaro normando, perfumado com incenso natural de lavanda da Mongólia. O silencio, o frio e a penumbra envolviam o ambiente. Como sempre, pela manhã, eu estava deslumbrante: cabelos dourados, tez morena e aquele macio corpo escultural/curvilíneo escondido (?) num transparente roupão de seda egípcio.  Sentada na chaise longue finlandesa, comecei a responder a uma imensidão de cartas, que a minha fiel governanta Goldawasser, organizou para mim. Assim:


 Estimada Flora alma:-“ Namoro uma adorável criatura.   Relacionamos-nos bem. Ocorre que a mesma é casada há 30anos, tem flia, filhos, e breve será avó. Isto tem me incomodado. Até porque, seu marido  é delegado de polícia. O que faço?...” Atenciosamente; JC (Porto da Madama-SG/RJ).

Caro atormentado pelo medo JC: - Continue (se possível) amigo desta adorável criatura. Quanto ao romance: para não acordar com a boca cheia de formiga: saia desta furada! Sua f.a


Querida Flora alma:- “Sou destaque da Escola de Samba da Comunidade. Tenho um corpo sarado e cheio de curvas. Sou mulata e me chamam de vulcão nos quadris quando sambo. Tenho um vizinho que tem uma cadelinha que late a noite toda. Não consigo dormir. Fui reclamar e ele me disse com rispidez, que a esposa podia ir embora, a cadelinha jamais!... É o amor (a cadelinha) de sua vida!... O que fazer?” Sempre sua O.A. (Brown Square (Largo do Marron)-Nikity/RJ).

Querida notívaga O.A.: Pergunte ao síndico se o condomínio permite ter cães no prédio. Caso sim e não consiga dormir, compre uma araponga e ao nascer do sol, coloque a gaiola com a mesma (araponga) na porta próxima do seu vizinho, que provavelmente está tendo um caso com a cadelinha. Se de tudo não adiantar, recomendo mudar: quem sabe um nobre europeu (eles adoram as moreninhas) queime na larva de seu vulcão! Tente, seja feliz e durma sonhando sem latidos.  Sua, f.a.


Amada Florinha:-“ Não consigo mais ter empregada, faxineira , cozinheira, etc. em casa. Meu marido, o Whanderson ( Whadinho, para os íntimos) fica de olho em todas, que empreguei até agora! É um velho babão, O Wadhinho, que não toma vergonha! O que devo de fazer? R.A.( Icaraí Gardens – Jardim Icaraí- Niterói/RJ)

Amada R.A.:- Converse com ele, seriamente! Caso persista, despeça-o (em vez das moças!) ou troque-o por outro!... Simples assim. Sua f.a.


Flora Alma:- “Meu marido Epaminondas já não é mais o mesmo: chega tarde a nossa casa, não me procura mais, pouco fala comigo, dorme na sala... Somos casados há 22 anos! Acho que ele está pulando o muro... O que devo de fazer? S.B. (Battle Square (Largo da Batalha)- Nikity/RJ)”.

Leitora preocupada S.B.: Pois é. 22 anos não são brincadeiras. A vida a dois é difícil. Quando eu repito que o casamento (leia-se contrato!) é o túmulo do amor, quero dizer que o casal deveria cuidar mais do amor e menos do casamento. Mas, no seu caso eu mudaria de quarto de dormir e... passado um breve tempo, faria o seguinte: Alta madrugada, bateria delicadamente na porta do quarto dele. Use a “tropa de choque”: coloque aquela roupa sexy, espartilho, cinta-liga, bem pintada/maquiada, perfumada, decote generoso, botas cano alto, máscara, chicote e outros apetrechos do gênero. Quando a porta (do quarto) abrir, diga que é Cleópatra e ele (peça para responder) como Marco Antonio. Caso não adiante, trate-o bem. Com delicadeza (mesmo!) um mês. Passado um mês, tenha uma conversa franca, honesta e civilizada. Não adiantando nada disto do exposto acima: vão à luta (vc e o Epa.), pule o muro (legalmente separada!) e sejam felizes! Sua f.a.


Florinha: “Tenho uma namorada, que gosto muito. Acontece que a mesma (namorada) gosta de apanhar durante o ato de amor. Pede, não suplica que lhe dê umas boas bordoadas, salpicadas de palavreado impróprio. Isto só lhe dá prazer, ela afirma. O que devo de fazer? W.G. (Honolulu-Hawaii/ USA)”.

Caro W.G.: Se isto lhe dá prazer, faça o que ela pede. Tome só o cuidado das intensidades e do vigor das bordoadas. Pois se ela desmaiar, ficarás na dúvida se foi fruto das bordoadas ou do prazer. Quanto aos palavrões, use e abuse (com ela, claro!): acalmam e revigoram. Seja feliz. Sua f.a.


Flora alma: Não nos agüentamos mais! Eu e Ghodofredo (Ghodinho) somos casados há 24 anos. Falamos pouco entre nós. Acabou. Em casa ele só dá atenção a esta praga chamada de celular. Minha sogra é um problema! Ele não freqüenta mais minha flia. Eu tb não freqüento a dele. Filhos crescidos e encaminhados. O que devo de fazer. J.U. (Vila Rosali-RJ)

Cara desesperada J.U.: Na vida tudo acaba. Até a própria. Conversem seriamente sobre a relação. Explique que o amor de vcs é mais importante que reuniões familiares. Siga o que eu aconselhei acima a leitora preocupada S.B. Deixe sua sogra fora disto (uma amiga, maldosamente, disse que sogra deveria ter 03 dentes: um para abrir garrafa, outro para morder e o último para sorrir... Não concordo, mas...). Existem sogras que são maravilhosas. Suma com o celular dele. Faça tudo calma e suavemente. Assim, passado um tempo, a dupla celular /sogra continuar solicite (sem brigar!) as contas: já que o casamento é um contrato! Antes meu bem, depois meus bens!...Mas torço que tudo se ajuste. E, sejam felizes de qq maneira. Sua f.a.


Informamos aos incontáveis consulentes, que esta amada e discreta coluna não atende a solicitações que dizem respeito à política, futebol e religião.Rogo não insistir, e sinto muitíssimo pelas toneladas de cartas não respondidas.

Sempre sua;

f.a.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

REVEILLON

 

                                              

                         
Humanos/desumanos:


Meus inúmeros e amados leitores (as) fizeram uma passeata (está na moda!) e com faixas, carros de som, banda e sei lá o que mais o que, postaram-se em frente à minha mansão estilo bávaro normando. Fui acordada e alertada pela fiel e eterna governanta Goldawasser. Após abluções matinais em minha cuba dourada a ouro 24K,vesti-me como de costume e ocasião: calcei sandálias italianas com tiras de couro da mesma cor de meus sedosos cabelos, uma blusa branca de linho egípcio, contrastando com minha tez morena jambo, um short australiano, na cor azul caribe profundo. Pouca maquiagem para a ocasião. Goldawasser disse que eu estava lembrando a personagem Gilda (Rita Hayworth). Agradeci lisonjeada. Sentia-me bela (até quando?) e esfuziante.

O pedido da multidão, que se aglomerava, era para lembrar o Réveillon, onde mais uma vez, meu primo Uthopicus foi o grande protagonista, como já não bastassem outros exemplos: leiam GOL (05/07/2010) e O FIM DO MUNDO (31/12/2012).

Coloquei-me na sacada de minha mansão, com a minha presença escultural, fez-se um silêncio tumular. Munida de um microfone e com cálida voz, iniciei:

“Uthopicus, aquele meu primo estranho, vinha planejando aprontar alguma para o Réveillon que se aproximava. Falava pouco como de costume e trancado em seu quarto a sete chaves, confeccionava faixas. O que diziam estas faixas? Mistério... Segundo ele, só seriam lidas no 31/12. A família se preocupava e dava-lhe conselhos:- Não faça isso/aquilo!... Inclusive eu:- Uthopicus, querido, arranje uma namorada e vá curtir o 31/12 na serra! Vc. gosta tanto! O povo tem o direito de se divertir ora já se viu?!... Em vão.”

O silencio só foi quebrado pelos trinados dos charmosos perus importados da Islandia, que não tivemos coragem de abatê-los para o Natal. Tanto meus lulus da Pomerania Vitty y Liggo postados aos meus belíssimos pés, quanto os meus idosos periquitos Béria y Gomulga da Austrália, estavam quietos. Como a escutar... Fui em frente:

“No 31/12, Uthopicus sai cedo de casa sem se despedir. Dirigiu-se ao aeroclube local, onde era sócio. Tinha brevê.

E, desapareceu. Não disse para onde ia, naquele 31/12.

Faltando segundos para a grande virada e já no espocar dos foguetes e fogos coloridos, avistou-se um mono motor com faixas aproximando-se da orla. Assim que o pequeno avião iniciava seu protesto pela orla, a chuva de fogos coloridos começou e infelizmente (fiz uma breve e comovente pausa) atingiu em cheio aquele teco teco, que caiu no mar,despercebido no meio de tanto colorido e alegre algazarra.

As faixas flutuavam e as águas iam lentamente apagando as letras que diziam: ENQUANTO VOCES PAGAM E BRINCAM A SAÚDE/EDUCAÇÃO NÃO EXISTEM! ABAIXO A CORRUPÇÃO! COMEMORAR O QUÊ?! ALIENADOS!E, outras do tipo...

Não se soube mais do pobre Uthopicus. Tomara que tenha sobrevivido, apesar daquela insanidade (fiz outra breve, comovente e definitiva pausa, com a voz embargada pela emoção).”

Assim desejo, para vocês um ano novo repleto de saúde, paz e realizações!

A multidão foi-se dispersando, vagarosamente. Silenciosamente.

Eu, ainda fiquei para um banho de sol, com um protetor solar suíço fator 100, agora com meu biquíni colorido do Tahiti, Polinésia Francesa, na sacada de meu quarto faraônico. A piscina semi olímpica, de águas minerais, aguardava-me para o  refrigério.

f.a.


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

CASAMENTO IDEAL





    



                       

                                     



Humanos/desumanos:




Meus amigos do La Dulce Vita Club pediram-me que contasse se era verdade a matéria da revista Selfish, do clube, sobre o meu casamento. Mensalmente nos encontramos. Tentei desconversar, mas aquela turma, justamente chamada de VIP (vermes y parasitas) não é fácil. Insistiram até não poder mais. Eu não costumo falar de minha vida particular, discretíssima que sou. Estava como sempre deslumbrante: cabelos dourados, que caíam em cima de um colo moreno, onde um decote generoso realçavam curvas que enlouqueciam os homens, que não paravam de olhar dois belos punhais apontando o firmamento (como são tolos!). Isto tudo guardado numa blusa de seda tailandesa transparente. Um short de cor branca, contrastando com minha tez morena. Notei algumas mulheres também interessadas. Eu numa chaise longue dinamarquesa, descalça. Meus adoráveis pés também chamavam à atenção. Já tinha bebido um coquetel de frutas cítricas italianas com vodca polonesa. Não deu para segurar: contei.
“Lembram-se do CASAMENTO (escrito em 04/05/2009? Leiam). Pois é. Eu não queria repetir o fenômeno Norival (Nori para os íntimos) meu ex- marido, agora numa casa chamada de Serviço Residencial Terapêutico, com outras pessoas, onde levo maçãs Fuji (ele adora!), quando o visito. E, não decepcionar minhas filhas Fran e Stal. A primeira, milionária dona de um bordel na França, a segunda com uma cadeia de escolinhas de futebol feminino, também ótima de vida já em segundas núpcias com uma bela garota, lateral esquerda do time principal. Ambas realizadas e felizes. Mas, sentia falta de algo. E, quis o destino que minha prima Tântrica (Ta, para os íntimos), me indicasse a felicidade.”
O silêncio era ensurdecedor. O clima era de suspense. Beberiquei o drinque, molhei os sensuais lábios carnudos, mordisquei eroticamente uma azeitona verde grega e prossegui.
“Minha prima Tântrica tinha comprado um boneco inflado na Holanda e trouxe outro para mim. Assim conheci Rubyo, irmão de Taurus, este dela. Se alguém da distinta plateia chama-se assim ou tem alguém da família/conhecido com este ou aquele nome: trata-se de uma mera coincidência. 
Realmente, tudo que Tântrica falava de Taurus era verdade:
Silencioso, não vê jogo de futebol, tampouco novelas e programas de auditório,  chega em  casa e não reclama de tudo e de todos, não é violento,não deixa suas roupas no chão,sua expressão é sempre suave,não tem família com pessoas chatas, interesseiras, egoístas, não discute política, futebol  e religião, não paquera outras mulheres, não precisa levantar a tampa do vaso sanitário, não deixa o banheiro molhado,não reclama da comida.Nunca grita. Não impõe suas ideias. Não me controla. É respeitoso. Não atrasa nos horários. Ouve-me com paciência. Um doce o Rubyo! E, meus queridos, na cama um vulcão!Minha prima apelidou o seu Taurus de A Tocha Cubana! Estou vendo um nome charmoso para o meu. Minha prima Tântrica está colhendo assinaturas para legalizar este tipo de matrimônio. Já conseguiu milhares, segundo ela. Será?...”
O silencio prosseguiu solene, após meu breve relato. As expressões das pessoas da turma VIP (vermes y parasitas) eram de surpresa ou coisa parecida. Levantei-me e com um sorriso, balancei a cabeça, num aceno de despedida para aquela turma que me olhava perplexa e boquiaberta. Entrei em minha refrigerada limusine azul profundo, onde meu fiel motorista hindu Neca Di Pitibiriba (Piti para os íntimos), moreno de luvas brancas, levou-me até minha mansão estilo bávaro normando.
Minha fiel camareira Goldawasser, preparou um banho de imersão, com sais paquistaneses em minha egípcia piscina semi-olímpica e tirando baforadas de um legítimo das Antilhas, pensei em tudo aquilo. Na cama, estilo egípcio faraônica, Rubyo parecendo sorrir, aguardava-me.
f.a.