segunda-feira, 21 de setembro de 2015

CASAMENTO IDEAL





    



                       

                                     



Humanos/desumanos:




Meus amigos do La Dulce Vita Club pediram-me que contasse se era verdade a matéria da revista Selfish, do clube, sobre o meu casamento. Mensalmente nos encontramos. Tentei desconversar, mas aquela turma, justamente chamada de VIP (vermes y parasitas) não é fácil. Insistiram até não poder mais. Eu não costumo falar de minha vida particular, discretíssima que sou. Estava como sempre deslumbrante: cabelos dourados, que caíam em cima de um colo moreno, onde um decote generoso realçavam curvas que enlouqueciam os homens, que não paravam de olhar dois belos punhais apontando o firmamento (como são tolos!). Isto tudo guardado numa blusa de seda tailandesa transparente. Um short de cor branca, contrastando com minha tez morena. Notei algumas mulheres também interessadas. Eu numa chaise longue dinamarquesa, descalça. Meus adoráveis pés também chamavam à atenção. Já tinha bebido um coquetel de frutas cítricas italianas com vodca polonesa. Não deu para segurar: contei.
“Lembram-se do CASAMENTO (escrito em 04/05/2009? Leiam). Pois é. Eu não queria repetir o fenômeno Norival (Nori para os íntimos) meu ex- marido, agora numa casa chamada de Serviço Residencial Terapêutico, com outras pessoas, onde levo maçãs Fuji (ele adora!), quando o visito. E, não decepcionar minhas filhas Fran e Stal. A primeira, milionária dona de um bordel na França, a segunda com uma cadeia de escolinhas de futebol feminino, também ótima de vida já em segundas núpcias com uma bela garota, lateral esquerda do time principal. Ambas realizadas e felizes. Mas, sentia falta de algo. E, quis o destino que minha prima Tântrica (Ta, para os íntimos), me indicasse a felicidade.”
O silêncio era ensurdecedor. O clima era de suspense. Beberiquei o drinque, molhei os sensuais lábios carnudos, mordisquei eroticamente uma azeitona verde grega e prossegui.
“Minha prima Tântrica tinha comprado um boneco inflado na Holanda e trouxe outro para mim. Assim conheci Rubyo, irmão de Taurus, este dela. Se alguém da distinta plateia chama-se assim ou tem alguém da família/conhecido com este ou aquele nome: trata-se de uma mera coincidência. 
Realmente, tudo que Tântrica falava de Taurus era verdade:
Silencioso, não vê jogo de futebol, tampouco novelas e programas de auditório,  chega em  casa e não reclama de tudo e de todos, não é violento,não deixa suas roupas no chão,sua expressão é sempre suave,não tem família com pessoas chatas, interesseiras, egoístas, não discute política, futebol  e religião, não paquera outras mulheres, não precisa levantar a tampa do vaso sanitário, não deixa o banheiro molhado,não reclama da comida.Nunca grita. Não impõe suas ideias. Não me controla. É respeitoso. Não atrasa nos horários. Ouve-me com paciência. Um doce o Rubyo! E, meus queridos, na cama um vulcão!Minha prima apelidou o seu Taurus de A Tocha Cubana! Estou vendo um nome charmoso para o meu. Minha prima Tântrica está colhendo assinaturas para legalizar este tipo de matrimônio. Já conseguiu milhares, segundo ela. Será?...”
O silencio prosseguiu solene, após meu breve relato. As expressões das pessoas da turma VIP (vermes y parasitas) eram de surpresa ou coisa parecida. Levantei-me e com um sorriso, balancei a cabeça, num aceno de despedida para aquela turma que me olhava perplexa e boquiaberta. Entrei em minha refrigerada limusine azul profundo, onde meu fiel motorista hindu Neca Di Pitibiriba (Piti para os íntimos), moreno de luvas brancas, levou-me até minha mansão estilo bávaro normando.
Minha fiel camareira Goldawasser, preparou um banho de imersão, com sais paquistaneses em minha egípcia piscina semi-olímpica e tirando baforadas de um legítimo das Antilhas, pensei em tudo aquilo. Na cama, estilo egípcio faraônica, Rubyo parecendo sorrir, aguardava-me.
f.a.