segunda-feira, 29 de junho de 2009

ERA UMA VEZ


Humanos/desumanos:

"Era uma vez uma criatura,que nascido homem, cresceu no meio que mais tarde o consagraria e desde pequeno, mostrou um talento imenso. Nascida mulher, além daqueles atributos, ocupando o mesmo lugar e com o mesmo talento, cresceu linda, esplendorosa.
Os anos passam e essas criaturas, tornam-se celebridades. Seres incomparáveis. Vendem (no caso musical) milhões de discos em todo o mundo globalizado. Não possuem mais vida privada, pois os personagens,desta vida, são esmiuçados pela mídia 24 horas por dia. É o preço do mega sucesso. Conta-se até, que estes seres , olham debaixo da cama, antes de dormir (se é que dormem). Tornam-se muito ricas, mas do que imaginavam antes do estrelato. São poucas e são únicas. Confinadas em mansões/castelos, suas excentricidades viram banalidades, que o mundo dos mortais vê, aplaude, vaia, acha graça,chora, sofre.
No palco são geniais. Eles nos fazem felizes em cena. Somos pequenos, frente a tanta arte, a tanta beleza. Com seu fulgor cegam aqueles que os aplaudem. São únicos e talvez saibam disto. Tornam-se deuses, encastelados e cercados de tudo o que lhes dá prazer e conforto. São recebidos por reis/rainhas/governantes no mais alto estilo, com pompa e circunstância. Muitos nascem humildes e a ascensão social é algo extraordinário.
Os anos passam e estas cultuadas e idolatradas criaturas, começam a dar sinais, que algo não vai bem. Atingem ao apogeu da glória e caem, quando saem de cena. Suas imensas fortunas são perdidas, dilapidadas, esbanjadas . Elas começam a mostrar ao mundo as suas fraquezas, que por mais que se escondam, são humanas, são também nossas. O sofrimento toma o lugar da alegria, o prazer transforma-se em dor.
E, não agüentam, não suportam o fato de saírem de cena, tão fragilizados, logo eles nossos ídolos, nossos deuses. Infelizmente, caem como um castelo de cartas, um castelo de areia que a onda do mar leva.O sucesso, como o poder, é embriagador. Porque caíram? Porque não suportaram a carga? Estas respostas ficam com os estudiosos: sociólogos, psicólogos, psicanalistas, antropólogos, etc. que saberão responder.
A esta órfã de tão brilhantes artistas, resta a dor da perda, da eterna lembrança. Eles são como estrelas cadentes e fugazes.Era uma vez..."
A eles (Marilyn Monroe; Elvis Presley; Jimi Hendrix; Elis Regina; Garrincha; Michael Jackson; e tantos outros), a minha homenagem, como observadora da vida.
f.a.


sábado, 27 de junho de 2009

NAMORADOS



Humanos/desumanos:

Meus inúmeros e incontáveis leitores pediram-me para escrever sobre o dia dos namorados.
Ora, achei a proposta muito comercial e proponho escrever sobre os namorados, estes sim, motivos principais.
Recebi uma missiva do jovem casal Hystéricah e Pusilânimeh, que reclamam um do outro, como verão a seguir:

A você, namorada, tenha paciência com o ser amado masculino: “Deixe-o ir ao futebol para ver 22 homens correndo atrás de uma esfera. Deixe-o ir ao bar com os amigos e nunca levar a namorada. Deixe-o chegar sempre atrasado ao seu encontro e dar desculpas esfarrapadas ou nenhuma. Deixe-o soltar flatos/arrotar à vontade perto de você. Deixe-o esquecer as datas mais importantes de vocês. Deixe-o ser estúpido em situações banais. Deixe-o usar a mesma cueca uma semana. Deixe-o usar aquele tênis um mês, sem lavar as meias. Deixe-o não usar desodorante. Deixe-o não dividir as despesas com você. Deixe-o servir a comida antes para ele. Deixe-o entrar num lugar antes de você. Deixe-o dormir e roncar ao seu lado no escurinho do cinema. Deixe-o flertar com todas as suas belas amigas. Deixe-o não cuidar da aparência. Deixe-o ir ao banheiro de porta aberta, estando com você. Deixe-o esquecer de usar a camisinha quando faz sexo com você. Deixe-o sem lhe dar carinho. Deixe-o esquecer de não lhe dar uma flor, um poema.”.
Enfim, querida amiga namorada Hystéricah, ele quer uma “Amélia”, por cima e por baixo...

A você, namorado, tenha paciência com o ser amado feminino: “Deixe-a ir a constantes reuniões sem o namorado. Deixe-a também chegar sempre atrasada e mentir. Como mente (você diz)!... Deixe-a olhar para você com um desprezo aterrorizante. Deixe-a fazer comparações com outros casais, na sua frente. Deixe-a engordar e só pensar no trabalho. Deixe-a dizer não quando você diz sim. Deixe-a nunca colocar para você aquela roupa (sexy) que você adora. Deixe-a reclamar de tudo. Deixe-a também usar a mesma calcinha uma semana. Deixe-a não tomar banho durante um bom período. Deixe-a não depilar as pernas e a axila. Deixe-a reclamando de tudo e de todos. Deixe-a ir a algum lugar e dizer que foi ao dentista. Deixe-a esquecer de tomar a pílula. Deixe-a esquecer das datas marcantes para você. Deixe-a ficar com ‘dor de cabeça’, quando você a quer.Deixe-a usar os seus pertences, indefinidamente. Deixe-a achar os seus amigos atraentes. Deixe-a indiferente aos seus interesses”.
Enfim, querido amigo namorado Phusilânimeh, você tem tudo para ser "canonizado" mais tarde...


Não tenho à pretensão de julgar ou aconselhar quem quer que seja e não se trata disto, trata-se de dar uma chance ao amor.
Não à toa que Minha Namorada (Vinicius de Moraes( sempre ele!) e Carlos Lyra) é para mim a melhor música/poesia que estes pobres ouvidos (acostumados a ouvir perversos ruídos) escutaram nestes últimos anos.
Aconselho isto sim, ao jovem casal Hystéricah e Phusilânimeh a prestarem atenção na letra.
Amem-se e sejam felizes.

f.a.




segunda-feira, 15 de junho de 2009

VALORES FEMININOS

Na photo Tia Vyborah escolhendo a sua primeira opção.

Humanos/desumanos:

Fui convidada para o chá beneficente dos A.N.P.C.C.A.D.Q.O. (ASSOCIAÇÃO NACIONAL dos PENTEADORES de CABELOS de CRIANÇAS AFRO DESCENDENTES em suas QUOTAS OFICIAIS), na belíssima e luxuosa residência de minha tia, viúva e conselheira, a tia Vyborah.
Em lá chegando, encontrei um grupo de mulheres animadas e em sua maioria beirando a terceira idade.
Presente também a tia Bella Mambah, aquela que contraiu matrimônio aos 89 anos. Sentei-me ao seu lado.
A mesa era farta de docinhos franceses e italianos, estes com uma variedade enorme de iguarias, pães, torrones frescos, etc., tudo a base de amêndoas de oriunda da região Siciliana chamada Agrigento. Tia Vyborah não faz por menos: “-ou calça de veludo ou bum bum de fora...” costuma dizer. No caso: calça de veludo!
Tia Vyborah dizia que “a primeira amendoeira nasceu de amores infelizes” e que, após o rico lanche, tinha algo feminino e importante a discutir conosco.
Fiquei curiosa.
Pude observar chás de origem asiática, café colombiano, champagne francesa,queijos e chocolates suiços, água mineral do Canadá, frutas do Caribe, e por aí vai... Os garçons de origem Indiana vestiam a caráter, com luvas brancas. A louça e os cristais eram da Bavária.
Fui muito bem recebida por tia Vyborah, mas guardando as devidas distancias e intimidades. Levei um espelho tcheco, que a tia prontamente pendurou no quarto de seu motorista polonês há 40 anos, completamente calvo, o Roman... Após fazer um comentário negativo, quanto ao presente.
A vozearia feminina era intensa, coisa que assusta a quem vive só, como eu, no silencio. Os assuntos eram os mais estapafúrdios.
Comecei a conversar com tia Bella Mambah, que reclamou da vida de casada. Dizia- “que seu marido, pedia-lhe coisas completamente exóticas, escandalosas”, para uma senhora que ficara virgem até aos 89 anos e quando ia me contar de que se tratava o carrilhão suíço, banhado a ouro e cravejado de brilhantes, num pedestal de mármore de Carrara italiano, badalou cinco vezes. Imediatamente após, tia Vyborah balançou o sinete de ouro de seu falecido marido, (tio Mulah era joalheiro) e anunciou, solenemente:
“Queridas, tenho algo a lhes contar”... Sem antes fazer um sinal com a cabeça para o maitre e todos os garçons, para que se retirassem. Foi prontamente atendida. “E, prosseguiu: ‘Vou ler para vocês, a carta, que o meu jardineiro croata, recebeu de seu primo Górgias, cujo assunto era Valores Femininos,ou o que uma mulher espera de um homem, a saber: Segurança, dinheiro,carinho, atenção e sexo, não necessariamente nesta ordem, variando de mulher para mulher...”.
Claro que as mulheres começaram a colocar os valores em sua ordem de preferência.
Tia Bella Mambah, no alto de seus 89 anos, recém casada, pediu a palavra e já sob o efeito de muita champagne francesa, disparou:- “A ordem é sexo, atenção; sexo, segurança; sexo, carinho; sexo, dinheiro”!! E ria, soltando sonoras gargalhadas.
Tia Vyborah, prontamente rebateu: ‘ Querida irmã, você não está bem, e com os olhos de ódio, rebateu:- “O certo é dinheiro, segurança, atenção, carinho e sexo, e estamos conversadas”!!
As duas nunca se toleraram.
A balbúrdia era imensa, cada uma dava sua opinião, pois também não queriam contrariar a poderosa anfitriã.
Não se chegou a nenhuma conclusão definitiva.
Tia Vyborah continuou a ler a carta: “... Aqui na minha terra, construí uma engenhoca interessante: A Cama Catapulta”. Explicarei melhor: -”Quando a mulher, após momentos de atividades de prazer, tais como um belo banho aquecido na banheira térmica, uma refeição maravilhosa, acompanhada com aquele vinho à luz de velas, um belo filme num telão sob um ar condicionado agradável, um sexo maravilhoso onde se desmaia de prazer, etc.começa a introduzir assuntos desagradáveis e delicados, tais como: minha família quer te conhecer..., vamos morar juntos..., precisamos dar uma “seriedade” no nosso relacionamento... etc.etc. Entra em ação A Cama Catapulta!! A criatura é ejetada para o exterior, pela janela, indo cair num confortável táxi, que a deixa em casa em segurança, afim de que a mesma possa refletir melhor!”.
Tia Bella Mambah gargalhava até não poder mais.
Tia Vyborah, mira a incrédula platéia e dispara raivosa e indignada: -“Isto também serve para os homens!! Malditos machistas!! E, isto não vai ficar assim: vou processar este tal de Górgias!!
Foi ovacionada pelas mulheres. E, prometeu para breve uma nova reunião em represália aos homens.
Começou a chover e tia Vyborah, acionou os seus vários motoristas, em suas viaturas presidenciais, para que deixassem em casa os convidados.
Despedi-me de tia Bella Mambah, que sob o efeito da bebida, virou a atração da festa, com suas gargalhadas escandalosas e suas observações irreverentes e verdadeiras demais... Ela fez-me um sinal com a mão ao ouvido, querendo dizer que ia me telefonar, para contar o escândalo sexual de seu velho marido, usando gestos obcenos com os dedos para tal, sem nenhuma cerimônia.
O motorista, bem vestido e de luvas, esperava-me. Abriu a porta da luxuosa viatura como um príncipe. Era um daqueles havaianos contratados por tia Vyborah. Bronzeado, forte, jovem,elegante,discreto, educado, alto, de dentes muito alvos e de cabelos pretos e lisos. Olhos negros e profundamente ardentes.
Sentei no confortável e refrigerado banco de trás e fomos em silêncio até a minha residência. Chovia. Convidei-o a entrar.
Dormiu lá em casa e não precisei usar a Cama Catapulta.

f.a.




domingo, 7 de junho de 2009

TRAGÉDIA HUMANA


Querida Flora Alma:

“Fiquei triste e consternada com o ocorrido com o avião de bandeira francesa.
Perderam-se preciosas vidas, que iam a diversos destinos: culturais, passeios, lua de mel, negócios, etc.
E, temos as inocentes crianças... Uma tristeza.
Mas, não posso deixar de pensar que 12 crianças morrem de fome no mundo, por minuto! A cada 7 segundos uma criança morre de fome!
A cada dia, 100 mil pessoas morrem de fome e suas conseqüências!
“Uma criança que morre de fome é assassinada por ordem mundial”.
Não quero me perder em estatísticas (são tantas!), que ajudam a encobrir os verdadeiros fatos e as soluções (umas fáceis), que vão se perdendo nos gráficos, fórmulas, retóricas infindáveis, etc.
Nossa mídia acompanha passo a passo esta catástrofe aérea. Fotos/filmes de pessoas de classe social superior, mostrando sua dor, em detalhes.
Faz-se uma radiografia da aeronave nos mínimos detalhes. O interesse pelas causas é diuturno.
Mostram-se presidentes, ministros, altas autoridades civis, militares e eclesiásticas lamentando o ocorrido.
Um aparato de luxo (hotéis, etc.) está à disposição para dar conforto aos aflitos parentes.
Buscas febris e incessantes, com a mais alta tecnologia para descobrir objetos, corpos, ou qualquer vestígio desta desgraça aérea.
Mudanças, mais que rápida nos equipamentos para dar maior segurança, durante os vôos.
Lamento o acidente aéreo.
Deveríamos fazer também um minuto de silêncio, enquanto houver uma criança morrendo de fome.
Mas, se todo este aparato oficial/ privado tivesse o mesmo interesse nas mazelas humanas (fome, miséria, desigualdade social, educação, saúde, poluição ambiental, paz) o mundo ficaria melhor.
Não, não foi só uma tragédia aérea. É uma tragédia humana”.

Atenciosamente,
Sua Consciência.

f.a.