Humanos/desumanos:
Após
o frugal café da manhã: frutas dos Andes, leite desnatado suíço, pães integrais
italianos, brioches franceses, sucos do Caribe, água mineral dos Pirineus,
queijos da Alsácia, etc. fui para o meu refrigerado salão grená estilo bávaro
normando, perfumado com incenso natural de lavanda da Mongólia. O silencio, o
frio e a penumbra envolviam o ambiente. Como sempre, pela manhã, eu estava
deslumbrante: cabelos dourados, tez morena e aquele macio corpo escultural/curvilíneo
escondido (?) num transparente roupão de seda egípcio. Sentada na chaise longue finlandesa, comecei a
responder a uma imensidão de cartas, que a minha fiel governanta Goldawasser,
organizou para mim. Assim:
Estimada
Flora alma:-“ Namoro uma adorável criatura. Relacionamos-nos bem. Ocorre que a mesma é
casada há 30anos, tem flia, filhos, e breve será avó. Isto tem me incomodado.
Até porque, seu marido é delegado de polícia. O que faço?...”
Atenciosamente; JC (Porto da Madama-SG/RJ).
Caro
atormentado pelo medo JC: - Continue (se possível) amigo
desta adorável criatura. Quanto ao romance: para não acordar com a boca cheia
de formiga: saia desta furada! Sua f.a
Querida
Flora alma:- “Sou destaque da Escola de Samba da Comunidade.
Tenho um corpo sarado e cheio de curvas. Sou mulata e me chamam de vulcão nos
quadris quando sambo. Tenho um vizinho que tem uma cadelinha que late a noite toda.
Não consigo dormir. Fui reclamar e ele me disse com rispidez, que a esposa
podia ir embora, a cadelinha jamais!... É o amor (a cadelinha) de sua vida!...
O que fazer?” Sempre sua O.A. (Brown
Square (Largo do Marron)-Nikity/RJ).
Querida
notívaga O.A.: Pergunte ao síndico se o condomínio
permite ter cães no prédio. Caso sim e não consiga dormir, compre uma araponga
e ao nascer do sol, coloque a gaiola com a mesma (araponga) na porta próxima do
seu vizinho, que provavelmente está tendo um caso com a cadelinha. Se de tudo
não adiantar, recomendo mudar: quem sabe um nobre europeu (eles adoram as
moreninhas) queime na larva de seu vulcão! Tente, seja feliz e durma sonhando
sem latidos. Sua, f.a.
Amada
Florinha:-“ Não consigo mais ter empregada,
faxineira , cozinheira, etc. em casa. Meu marido, o Whanderson ( Whadinho, para
os íntimos) fica de olho em todas, que empreguei até agora! É um velho babão, O
Wadhinho, que não toma vergonha! O que devo de fazer? R.A.( Icaraí Gardens – Jardim Icaraí- Niterói/RJ)
Amada
R.A.:- Converse com ele, seriamente! Caso persista,
despeça-o (em vez das moças!) ou troque-o por outro!... Simples assim. Sua f.a.
Flora
Alma:- “Meu marido Epaminondas já não é mais o mesmo: chega
tarde a nossa casa, não me procura mais, pouco fala comigo, dorme na sala... Somos
casados há 22 anos! Acho que ele está pulando o muro... O que devo de fazer? S.B. (Battle Square (Largo da Batalha)-
Nikity/RJ)”.
Leitora
preocupada S.B.: Pois é. 22 anos não são brincadeiras. A
vida a dois é difícil. Quando eu repito que o casamento (leia-se contrato!) é o
túmulo do amor, quero dizer que o casal deveria cuidar mais do amor e menos do
casamento. Mas, no seu caso eu mudaria de quarto de dormir e... passado um
breve tempo, faria o seguinte: Alta madrugada, bateria delicadamente na porta do
quarto dele. Use a “tropa de choque”: coloque aquela roupa sexy, espartilho, cinta-liga,
bem pintada/maquiada, perfumada, decote generoso, botas cano alto, máscara, chicote
e outros apetrechos do gênero. Quando a porta (do quarto) abrir, diga que é
Cleópatra e ele (peça para responder) como Marco Antonio. Caso não adiante,
trate-o bem. Com delicadeza (mesmo!) um mês. Passado um mês, tenha uma conversa
franca, honesta e civilizada. Não adiantando nada disto do exposto acima: vão à
luta (vc e o Epa.), pule o muro (legalmente separada!) e sejam felizes! Sua
f.a.
Florinha:
“Tenho uma namorada, que gosto muito. Acontece que a mesma (namorada) gosta de
apanhar durante o ato de amor. Pede, não suplica que lhe dê umas boas bordoadas,
salpicadas de palavreado impróprio. Isto só lhe dá prazer, ela afirma. O que
devo de fazer? W.G. (Honolulu-Hawaii/
USA)”.
Caro
W.G.: Se isto lhe dá prazer, faça o que ela pede. Tome só
o cuidado das intensidades e do vigor das bordoadas. Pois se ela desmaiar,
ficarás na dúvida se foi fruto das bordoadas ou do prazer. Quanto aos
palavrões, use e abuse (com ela, claro!): acalmam e revigoram. Seja feliz. Sua
f.a.
Flora
alma: Não nos agüentamos mais! Eu e Ghodofredo (Ghodinho)
somos casados há 24 anos. Falamos pouco entre nós. Acabou. Em casa ele só dá
atenção a esta praga chamada de celular. Minha sogra é um problema! Ele não freqüenta
mais minha flia. Eu tb não freqüento a dele. Filhos crescidos e encaminhados. O
que devo de fazer. J.U. (Vila
Rosali-RJ)
Cara
desesperada J.U.: Na vida tudo acaba. Até a própria. Conversem
seriamente sobre a relação. Explique que o amor de vcs é mais importante que
reuniões familiares. Siga o que eu aconselhei acima a leitora preocupada S.B. Deixe
sua sogra fora disto (uma amiga, maldosamente, disse que sogra deveria ter 03
dentes: um para abrir garrafa, outro para morder e o último para sorrir... Não
concordo, mas...). Existem sogras que são maravilhosas. Suma com o celular dele.
Faça tudo calma e suavemente. Assim, passado um tempo, a dupla celular /sogra
continuar solicite (sem brigar!) as contas: já que o casamento é um contrato! Antes
meu bem, depois meus bens!...Mas torço que tudo se ajuste. E, sejam felizes de
qq maneira. Sua f.a.
Informamos aos
incontáveis consulentes, que esta amada e discreta coluna não atende a
solicitações que dizem respeito à política, futebol e religião.Rogo não insistir, e sinto muitíssimo pelas toneladas de cartas não respondidas.
Sempre sua;
f.a.