
Humanos/desumanos:
Lembro-me daquela noite de 20 de julho de 1969. Eu, meu velho, cansado e sofrido pai à frente da televisão. Era um momento marcante para a humanidade: O homem na lua.
Eu e meu pai não falávamos, não piscávamos. O silêncio entre nós, dizia bem aquele momento. Vimos o homem chegando ao solo lunar, passeando na lua, fincando a bandeira.
Ao final da impressionante aventura, meu pai disparou:-“ Não acredito nisto...”, -“ Não acredito nisto...” Palavras de um religioso, que não queria acreditar no que estava vendo, como que a ciência provocasse os seus valores religiosos.
E, assim como meu pai, até nos dias atuais, uma legião de incrédulos, duvida daquele feito humano.
Eu custei a dormir naquela gloriosa noite. Dúvidas assaltavam meu jovem e inexperiente coração e mente: por que ir à lua? O que fazer na lua?
Será que na terra os problemas cruciais como poluição ambiental, guerras, fome, miséria, educação, saúde, desigualdade social, não seriam suficientes para serem antes resolvidos ou aliviados? Adormeci...
“Escondíamos-nos no porão de nossa casa. Lá fora clarões de bombas e foguetes eram lançados... da lua! A rua estava deserta, o toque de recolher tinha alertado ao bairro, como vinha acontecendo após às 20 horas. O silêncio só era quebrado com os estrondos, que vinha das ruas desertas. A luz e a água eram racionadas e ás vezes cortadas. O caos tinha se instalado em nossa cidade.
Mal dormíamos e nos alimentávamos com grandes dificuldades, pois era difícil ter acesso às ruas. As explosões não cessavam. O barulho era ensurdecedor. E, aconteceu: um barulho no vidro da janela, indicando que alguém se manifestava. Seria algum estilhaço das bombas?... Não. Era de alguém querendo se comunicar ou entrar. Na escuridão e em silêncio fomos nos aproximando da janela para ver.Não conseguimos. O clima era de medo. Tínhamos notícias que as principais capitais do mundo ,tinham sido destruídas. E, agora a invasão seria iminente. O mundo acabava...
Súbito, a janela do quarto abre e seres( humanos?), que não pude descobrir como e quantos eram, entraram naquele quarto, sob o clarão de bombas na rua...
Gritei, desesperadamente com todas às forças...”.
Acordei. Foi um pesadelo.No café da manhã meu pai não falou mais do assunto, embora toda a mídia tenha se ocupado do fato: Homem pisa na lua!
No trajeto para a Escola Normal, eu ia ser professora, apesar de querer ser crooner de boate, pois cantava muito bem no chuveiro do banheiro de casa, imitando as imorredouras Sarah, Ella, Billie. Mas nem pensar diziam os meus pais. Mas, ia pensando no homem na lua, como não bastassem os problemas humanos, como não bastassem o que tinha ocorrido quando o homem branco,que em nome da “civilização” e da “religião”, tentou exterminar a cultura e dizimou milhões de seres humanos, que aqui viviam em harmonia e paz consigo e com a natureza. Duas lágrimas teimaram em descobrir novos caminhos em meu rosto juvenil. Pensei nos bilhões de dollares , que poderiam ser gastos aqui para minorar os nossos sofrimentos.
Neste momento descobri que a humanidade é assim mesmo. A saída era difícil, mas não impossível.
Deixei tudo preparado, escrevi uma carta ao meu amado pai, talvez ele estivesse certo, mas por outros caminhos e parti.
Fui ser hippie de dia, vendendo artesanato e de noite, cantava blues numa boate, no interior, onde as poucas luzes do pequeno lugarejo deixavam que o meu olhar contemplasse milhares de estrelas cintilantes como uma poeira mágica e a lua cheia mostrasse toda a sua beleza: amarela e ainda deserta.
f.a.
Eu e meu pai não falávamos, não piscávamos. O silêncio entre nós, dizia bem aquele momento. Vimos o homem chegando ao solo lunar, passeando na lua, fincando a bandeira.
Ao final da impressionante aventura, meu pai disparou:-“ Não acredito nisto...”, -“ Não acredito nisto...” Palavras de um religioso, que não queria acreditar no que estava vendo, como que a ciência provocasse os seus valores religiosos.
E, assim como meu pai, até nos dias atuais, uma legião de incrédulos, duvida daquele feito humano.
Eu custei a dormir naquela gloriosa noite. Dúvidas assaltavam meu jovem e inexperiente coração e mente: por que ir à lua? O que fazer na lua?
Será que na terra os problemas cruciais como poluição ambiental, guerras, fome, miséria, educação, saúde, desigualdade social, não seriam suficientes para serem antes resolvidos ou aliviados? Adormeci...
“Escondíamos-nos no porão de nossa casa. Lá fora clarões de bombas e foguetes eram lançados... da lua! A rua estava deserta, o toque de recolher tinha alertado ao bairro, como vinha acontecendo após às 20 horas. O silêncio só era quebrado com os estrondos, que vinha das ruas desertas. A luz e a água eram racionadas e ás vezes cortadas. O caos tinha se instalado em nossa cidade.
Mal dormíamos e nos alimentávamos com grandes dificuldades, pois era difícil ter acesso às ruas. As explosões não cessavam. O barulho era ensurdecedor. E, aconteceu: um barulho no vidro da janela, indicando que alguém se manifestava. Seria algum estilhaço das bombas?... Não. Era de alguém querendo se comunicar ou entrar. Na escuridão e em silêncio fomos nos aproximando da janela para ver.Não conseguimos. O clima era de medo. Tínhamos notícias que as principais capitais do mundo ,tinham sido destruídas. E, agora a invasão seria iminente. O mundo acabava...
Súbito, a janela do quarto abre e seres( humanos?), que não pude descobrir como e quantos eram, entraram naquele quarto, sob o clarão de bombas na rua...
Gritei, desesperadamente com todas às forças...”.
Acordei. Foi um pesadelo.No café da manhã meu pai não falou mais do assunto, embora toda a mídia tenha se ocupado do fato: Homem pisa na lua!
No trajeto para a Escola Normal, eu ia ser professora, apesar de querer ser crooner de boate, pois cantava muito bem no chuveiro do banheiro de casa, imitando as imorredouras Sarah, Ella, Billie. Mas nem pensar diziam os meus pais. Mas, ia pensando no homem na lua, como não bastassem os problemas humanos, como não bastassem o que tinha ocorrido quando o homem branco,que em nome da “civilização” e da “religião”, tentou exterminar a cultura e dizimou milhões de seres humanos, que aqui viviam em harmonia e paz consigo e com a natureza. Duas lágrimas teimaram em descobrir novos caminhos em meu rosto juvenil. Pensei nos bilhões de dollares , que poderiam ser gastos aqui para minorar os nossos sofrimentos.
Neste momento descobri que a humanidade é assim mesmo. A saída era difícil, mas não impossível.
Deixei tudo preparado, escrevi uma carta ao meu amado pai, talvez ele estivesse certo, mas por outros caminhos e parti.
Fui ser hippie de dia, vendendo artesanato e de noite, cantava blues numa boate, no interior, onde as poucas luzes do pequeno lugarejo deixavam que o meu olhar contemplasse milhares de estrelas cintilantes como uma poeira mágica e a lua cheia mostrasse toda a sua beleza: amarela e ainda deserta.
f.a.