terça-feira, 2 de julho de 2013

PASSEATA.Observações.







Humanos/desumanos:


Fui convocada pelos meus inúmeros, incontáveis e apaixonados (as) leitores (as) a relatar o que observei na passeata, que diariamente se desenrola em nossas ruas. Nem minhas avós e avôs acreditariam. Um fenômeno. Eu não costumo comentar temas polêmicos. Mas, abri uma exceção.

Vesti aquela calça jeans, surrada e rasgada, onde um pedaço de coxa morena aparecia, tênis vermelho sangue, uma blusa branca cor da paz. Torcendo para que não chovesse, pois a blusa era transparente. E, nunca se sabe o que pode ocorrer nestas ocasiões. Uma maquiagem básica, olhos verdes de esperança, lábios carnudos também vermelhos, cabelos dourados, soltos como a liberdade. Desta vez, não usei minha limusine azul profundo, presidencial. Dispensei meu fiel motorista paquistanês, Neca Di Pitibiriba (Piti para os íntimos), bem como meu musculoso segurança particular Pindoramus Ridicullus (PR para os íntimos) para estas ocasiões. Fui a pé. A caminhada me fez bem. Um vento fresco abraçou-me.

Ao chegar lá, observei que a multidão se juntava próximo a um caminhão de som aterrorizante. Era tão alto que mal se ouvia...  Vi várias placas e cartazes com pedidos básicos, mais que justos. Vi pequenos blocos carnavalescos com personagens de histórias de quadrinhos.Vi pessoas que não mostravam os rostos. Vi entrevistas na TV. Vi o pessoal da imprensa tentando cobrir o evento, se protegendo na medida do possível. A formada multidão caminhava devagar, para frente, sem um rumo definido, pois do caminhão de som, palavras de ordem, tentavam organizar algo, que me pareceu confuso.Quando li pedidos de educação, saúde, honestidade e seriedade para aqueles que deveriam nos representar etc, escutei um estrondo de vidros se estilhaçando... No alto, helicópteros varriam as ruas com holofotes, marcando presença. Um pequeno corre-corre aqui. Outro acolá. E, um estrondo maior, com fumaça...Vi que manifestantes e policiais se encaravam, estes em um silencio que me fez medo, aqueles com gritos provocadores...Por um instante, pensei nos pedidos que fossem obrigações dos representantes, que não representavam em nada os manifestantes.Pareceu-me ver o vulto do personagem que encontrei (leiam O ELEITO, de 31/10/2010), que felizmente, perdi de vista na multidão. Queria tirar algum proveito político, com certeza.

Súbito, aquilo que parecia ser uma manifestação pacífica se transformou numa batalha campal.Procurei algum abrigo e tentei fugir do local.Uma chuva fina começou a lavar o asfalto, com as marcas da violência.Resolvi voltar e sair do local o mais rapidamente possível.Notei que olhares curiosos viam em minha direção: a chuva descobriu em minha blusa, meus encantos, mostrando aqueles belos que não caem... Vi alguns, que deram com a cabeça no poste, teimando em olhar para trás... Como são tolos os homens.

Por sorte, meu fiel motorista Neca Di Pitibiriba (Piti para os íntimos), preocupado comigo, me fez sinal e pude entrar sã e salva na minha limusine azul profundo, após ter aberto a porta com suas brancas luvas. Dentro, toalhas francesas, um lavatório banhado a ouro, roupas aquecidas cheirando a lavanda, música renascentista, me aguardavam.Fui pensando até a minha mansão estilo normando bávaro: E, pressupus que deveria haver uma reunião entre as autoridades, os manifestantes, os moradores, etc. para que estabelecessem os parâmetros de: liberdade de ir/vir, segurança, barulho ensurdecedor, ambulâncias, tempo de passeata, etc. Ficou a dúvida se houve. Piti me disse que parte da criadagem que mora longe, levou horas para chegar a casa. O direito de um termina quando começa o do outro, já dizia meu primo Górgias da Transilvânia.

O portão dourado abriu para que minha limusine azul profundo entrasse.Em minha banheira semi-olímpica egípcia, acalmei-me com sais paquistaneses e óleos tailandeses. Acendi um legítimo cubano e entre uma baforada e outra torci sinceramente, pela pretendida mudança.

f.a.


14 comentários:

  1. Nada como um banho perfumado, para torcer por pessoas que ela nem conhece, e nem desconfia como vivem.

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  2. Querida e fiel leitora Rosana:
    É verdade. Mas, em tempos remotos, comi o pão que o diabo amassou e sei bem como estas pessoas sobrevivem...Um dia relato.
    Foi uma aventura e tomara que as reivindicações se tornem realidades.
    sempre sua;
    f.a.

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  3. Como gostaria de passar um dia nessa mansão. Ruiva Pintada.

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  4. Querida Ruiva Pintada:

    Infelizmente não posso atender o seu simpático desejo.Não tive uma feliz experiência quando abri os portôes dourados para o público.Espero que entenda.Agradeço comovida.
    Sempre sua;
    f.a.

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  5. A.D.O.R.E.I!!!!!
    Não é "fofo" (risos), mas curti muito!
    Abraços,
    Janaina

    P.S.: O Israel é o mesmo! Marcelo conhece o Eduardo Weler (não sei como escreve). Mundo miúdo esse! :-)

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  6. Querida leitora janaína:

    Grata pelas generosas palavras.
    Tb. recomendo o blog www.emcomendola.blogspot.com tb. de minha lavra. Divirta-se com os dois.
    Sempre sua,
    f.a.
    PS: O Eduardo é filho de meu fiel secretário executivo. É verdade, o mundo é pequeno.

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  7. Depois da passeata tentaram entregar algumas pizzas no Supremo, afinal são muitas horas de sessão. Infelizmente não foi possível, por total incompreensão dos seguranças. Depois dizem que o povo só quer passeata.

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  8. Querido e fiel leitor Sergio Pereira:

    Que bom ler seus inteligentes e sempre pertinentes comentários! Estavas sumido!Talvez a trabalho externo, suponho!A propósito, lembre-se: " trabalhe para viver e não viva para trabalhar!" comentário de meu primo Gorgias, pois sei que labutas demais!...
    Quanto aos seguranças, além de bem pagos e alimentados( trabalham num local que é referência nacional!) talvez, não gostaram dos sabores das pizzas oferecidas...
    Retorne sempre.
    Sempre sua;
    f.a.

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  9. Amigo Rubens
    Nós, da fisioterapia estamos sentindo falta de sua verve inteligente,de seus acres comentários e de sua fina ironia. Mande noticias...abraços
    Florestia

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  10. Querida Florestia:
    Falarei com meu fiel secretário Rubens.O mesmo está convalecendo de uma virose.
    sempre sua;
    f.a.

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  11. Flora Alma, você é uma senhora ímpar. ;)
    Abraço, da sua neta de mentirinha do INTO, Beatriz do cinema.
    Sucesso para o Blog

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  12. Querida "netinha" Beatriz:
    Grata pelas generosas palavras.Vai lendo/cometando,(bem como o outro www. emcomendola. blogspot.com) seria um prazer da vovó, minha linda.
    bjsaudosos, sempre sua;
    f.a.

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  13. querida flora tudo q eu quero e ser feliz.

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  14. Querido carlos maciel daltro:

    Pois seja! Está está em suas mãos! Vc. e todos nós merecemos a felicidade!
    Com carinho, da sua
    f.a.

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