segunda-feira, 4 de maio de 2009

CASAMENTO




Humanos/Desumanos:


Meus numerosos leitores solicitam que esta humilde escriba, escreva (!) sobre o casamento!
É uma tarefa difícil. Pois quem sou eu para julgar este passo (ou cadafalso), que os humanos teimam em repetir em seus patíbulos de origem?
Em uma oportunidade, num passado distante, lembro-me bem, abracei os noivos, velhos amigos e disparei: - Meus sentimentos!!...(ato falho!), corrigi a tempo, sem antes não receber o olhar mortífero da mãe da noiva e da responsável pelo que se chama de cerimonial (que cuida do comportamento dos adultos, na oportunidade, patético...). Realmente, foi constrangedor mas consertei a tempo, pois a noiva tinha perdido a avó materna, recentemente.
Que posso dizer/aconselhar é sobre a minha experiência matrimonial.
Fui casada 33 anos com Norival, o Nori.
No começo( primeira semana...), foi ótimo.
Depois... É uma história longa e sofrida... Que os inúmeros leitores não merecem, e de mais a mais repetida, banal, comum.
Mas, em poucas palavras: Nori, no início, trazia-me flores do campo, saíamos para jantar á luz de velas todas às sextas feiras, não trazia nenhum problema de sua repartição (que palavra!), era amável, cortês, na cama um touro indomável (e, naquela época não havia viagra e assemelhados). Levantava mais cedo para escovar os dentes e tomar banho e beijava-me com um hálito de menta fresca, não fazia questão da minha presença em seus encontros sociais (notadamente em festa de aniversário de criança, que convenhamos... ) Entendíamos em em um simples olhar, falávamos pouco e baixo, eu sabia que ele gostava de meia cinta e máscara preta, corpete decotado da mesma cor e cheiro de almíscar, o chicote... velas levemente perfumada, toda noite... Eu, também seguia este ritual consorte diário.
Algumas luas mais tarde, Nori mudou. Eu mudei... A única frase que tínhamos era: “... precisamos conversar... dar um tempo....”
Lembrou-me, queridos leitores, daqueles casais que entram mudos e saem calados, quando vão a um restaurante ou a um super mercado (no sábado!...). Silêncio sepulcral (os dois a se perguntar: ... que eu estou fazendo aqui?!...).
Já não tinha mais jantar às sextas feiras. Nori gritava, tratava mal todo mundo, tinha saído aos tapas com o porteiro do prédio por motivo fútil-futebolístico, não tomava mais banho, nem escovava os dentes... soltava flatos, como se estivesse chupando um picolé, em qualquer lugar e comigo ao leito... Mandou o meu pai ( seu sogro!) tomar naquele lugar( impublicável!), em função de uma discussão sobre o número da chuteira do Rivelino... Queria sexo selvagem e um dia fui parar no pronto socorro, pois o desgraçado tinha me chicoteado insanamente...
Foi fazer análise e dormia nas sessões e ele jurava que quem dormia era o analista... Pediu demissão da repartição e disse que deveríamos mudar para Visconde de Mauá, onde o movimento de vida hippie era o melhor para nós.Não fui,pensando em nossas duas filhas.
Mudou-se de mala e cuia. Seu cabelo e barba eram imensos, que faziam as crianças dormirem na hora, pois, maldosamente, os pais (vizinhos) diziam: -" Pega ele (a) seu Nori!!"..
Foi viver com a natureza. Vivia de artesanato. E, nunca mais voltou. Diziam-me que teve todos os casos femininos no local em que vivia,quando completou o ciclo amoroso da comunidade, cansou-se. Enamorou-se por uma cabloca da terra, casada, sendo ameaçado de morte. Mudou-se, sem dizer o destino.
Eu também, importunei-o com problemas como: a faxineira faltou, o sindico quer falar com vc. Sobre o problema de nossa filha que fez xixi na portaria, sua tia faz anos amanhã, etc., etc.
Engordei. Voz esganiçada, sempre nervosa. Não tive paciência com ele e dediquei-me vorazmente ao trabalho, pois aceitei o trabalho em uma loja de tirar xérox, perto de casa, e ganhava pelo número de cópias tiradas.
O grande orgulho foi a educação e cultura, que demos as nossas filhas, apesar de tudo.
A primeira, Fran ( isso mesmo, Fran, idéia da mãe do Nori, pois as abreviações estavam na moda), estudou Ciências Políticas, orientada pela avó paterna.É muito bonita, modéstia á parte ,parece comigo.Fez mestrado aqui e doutorado na França. Lá com a falta de emprego, prostitui-se. Progrediu na profissão e hoje tem o melhor prostíbulo da região. Todo verão a visito em seu castelo do vale do Loire. Um luxo!
A segunda Stal (isso mesmo,Stal, idéia de meu pai esquerdista á época, antes de ficar rico e proprietário), estudou Artes Marciais .Largou o curso, pois quebrou a clavícula do professor , num treino. Tentou o futebol, jogava bem na meia esquerda, mas não deu certo, foi expulsa da liga por ter arrebentado com os dois (!) bandeirinhas, um em cada tempo, por discordar de um impedimento seu e o jogo estava 4 a zero para ela e era o jogo final do estadual...
Tem uma famosa Academia, junto com a esposa. É feliz e está adotando uma criança como pai.
Breve serei avó.
Quanto a Nori, todo mês levo maçãs Fuji( ele adora!) no Hospital Psiquiátrico, pois está passando uma temporada( dizem os entendidos(serão?)... que é rápido),pois anda escutando vozes que lhe dão conselhos de como salvar a humanidade...
Então, nesse breve relato, aconselho aos meus inúmeros leitores que cuidem do amor, este é importante. O casamento é um contrato comercial, precisa até de várias testemunhas...
E, "família serve só para tirar retratos"... Já dizia minha bisavó Katchuscaya na Bessarábia, e, como vivia só, gabava-se de poder ir ao banheiro de porta aberta, dormir em cama de casal, virando e se revirando à vontade... "No início é meu bem, depois meus bens!!..."vociferava. Ela era dada como viúva, seu marido soldado, foi à guerra de 1914 e não voltou (dizem que foi visto em Stalingrado, depois da guerra, fazendo programas sexuais...). A querida e saudosa bisavó escrevia-me aconselhando a ir às ruas, portando faixas: "Solitário unido, jamais será vencido!" "Solitários do mundo todo, uni-vos!" Ela tinha estudado o primário com Lênin, nas frias estepes soviéticas. “Teve inúmeros casos amorosos, com outros solitários”. “Cada um na sua casa, assim dá mais tesão, pois vamos tirando a roupa, assim que nos vemos...”, dizia.
Terminou seus dias num convento de freiras enclausuradas, logo após a Perestroika.
Termino com a frase do maior dramaturgo do Ocidente:"O casamento é o túmulo do amor."
E, aqueles, que já foram para o cadafalso comercial, amem-se de verdade!!

f.a.

11 comentários:

  1. F.A.: Sou muito bem casado há muitoa anos, oque vc. tem contra o casamento?

    Maurício/Suellen.

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  2. Queridos Mauricio/Suellen

    Tudo. O que eu defendo com unhas e dentes é o amor!
    Amem-se de verdade, Maurício/Suellen
    abs.
    f.a.

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  3. Gabi Projeto Natação!24 de maio de 2009 às 20:23

    Adorei....

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  4. Gbi Projeto Natação24 de maio de 2009 às 20:30

    "Você sabe que a lua-de-mel terminou quando você liga para casa para dizer que vai chegar tarde e a secretária eletrônica responde que o jantar está no micro-ondas."

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  5. "Casamento não é o paraíso nem o inferno; é apenas o purgatório."

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  6. Querida Gabi:
    Então não case, namore muito e escolha certo aquele que merece o seu maior afeto!É que eu sempre digo, quando estou tricotando um casaquinho de lã para o minha preá Efigênia: O IMPORTANTE É O AMOR!!
    bjsaudosos da sua,
    f.a.

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  7. Jeremias Nascimento4 de julho de 2009 às 16:12

    CONSELHOS ÀS MAL-CASADAS

    Proponho-me ensinar-lhes como trair o seu marido em imaginação.
    Acreditem-me: só as criaturas ordinárias traem o marido realmente. O pudor é uma condição sine qua non de prazer sexual. O entregar-se a mais de um homem mata o pudor.
    Concedo que a inferioridade feminina precisa de macho. Acho que, ao menos se deve limitar a um macho só, fazendo dele, se disso precisar, centro de um círculo de raio crescente de machos imaginados.
    A melhor ocasião para fazer isso é nos dias que antecedem os da menstruação.
    Assim:
    Imaginam o seu marido mais branco de corpo. Se imaginam bem, senti-lo-ão mais branco sobre si.
    Retenham todo o gesto de sensualidade excessiva. Beijem o marido que lhes estiver em cima do corpo e mudem com a imaginação o homem num olhar belo que lhes estiver em cima da alma.
    A essência do prazer é o desdobramento. Abram a porta da janela ao Felino em vós.

    Como 'tracasser' o marido.
    Importa que o marido às vezes se zangue.

    O essencial é começar a sentir a atracção pelas coisas que repugnam não perdendo a disciplina exterior.
    A maior indisciplina interior junta à máxima disciplina exterior compõe perfeita sensualidade. Cada gesto que realiza um sonho ou um desejo, irrealiza-o realmente.
    A substituição não é tão difícil como julgam. Chamo substituição à prática que consiste em imaginar o gozo com um homem A quando se está copulando com um homem B.

    Minhas queridas discípulas, desejo-lhes, com um fiel cumprimento dos meus conselhos, inúmeras e desdobradas volúpias […] com o animal macho a que a Igreja ou o Estado as tiver atado pelo ventre ou pelo apelido.
    É fincando os pés no solo que a ave desprende o voo. Que esta imagem, minhas filhas, vos seja a perpétua lembrança do único mandamento espiritual.
    Ser uma cocotte, cheia de todos os modos de vícios, sem trair o marido, nem sequer com um olhar — a volúpia disto, se souberdes consegui-lo.
    Se cocotte para dentro, trair o marido para dentro está-lo traindo nos abraços que lhe dais, não ser para ele o sentido do beijo que lhe dais — ó mulheres superiores, ó minhas misteriosas Cerebrais — a volúpia é isso.
    Porque não aconselho eu isto aos homens também? Porque o Homem é outra espécie de ente. Se é inferior, recomendo-lhe que use de quantas mulheres puder: faça isso e sirva-se do meu desprezo quando (…). E o Homem superior não tem necessidade de nenhuma mulher. Não precisa de posse sexual para a sua volúpia. Mas a mulher, mesmo superior, não sente [?] isto: a mulher é essencialmente sexual.

    Que de Infernos e Purgatórios e Paraísos tenho em mim — e quem me conhece um gesto desadorando [?] a vida… a mim tão calmo e tão plácido?

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  8. Jeremias Nascimento:
    Fértil imaginação lusitana.
    Viva o feminismo!!
    sua,
    f.a.

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  9. Achei essa msg e lembrei de você: "Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento." Rs... Bjos

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  10. ...esqueci de dizer que é Machado de Assis

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  11. Adorei a foto da capa...kkk Difícil falar de casamento. Após 23 anos de convivência , já tive altos e baixos. Vontade de envelhecer ao lado dele e dez minutos depois, querer estar longe o mais possível. ...mas me dói imaginá-lo beijando a boca de outra!

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