quinta-feira, 7 de maio de 2009

Cidade


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Humanos/Desumanos:

Cheguei numa cidade desconhecida, num trem agradável. Viajei a noite toda e pelos primeiros raios da manhã, pude observar os contornos daquela cidade. Poucos prédios altos e só na periferia.Algumas chaminés de poucas fábricas, longe do seu perímetro urbano. Extensas áreas verdes, mananciais de água, davam uma primeira impressão agradável. Escolhi o trem, pois a gare central de chegada era a mais próxima da cidade, pois a rodoviária e as estradas passam bem ao largo. Um enorme cinturão verde a cerca, tornando a temperatura agradabilíssima.
Saltei e a primeira impressão é a limpeza. Tudo sinalizado, avisos orientando sua direção, um posto de atendimento aos turistas/desconhecidos funcionando, com pessoas gentis e simpáticas.
Notei também o número de bicicletas no bicicletário, sem nenhuma corrente, livres.
Na praça central um guitarrista, acompanhado por uma alta mulher com dentes alvos, tocava blues e esta recolhia com um chapéu moedas e notas.
O silêncio, só era cortado, com algum apito de um barco, que singrava as límpidas águas de um canal ao lado.
Casas de tijolinhos vermelhos, outras com com fachadas coloridas. Floreira nas sacadas. Passeios com vasos de flores.Bairros arborizados.Poucos carros, trânsito ordenado, calmo.Informaram-me que o tráfego um pouco mais pesado passa longe do centro urbano.Tudo limpo.
O comércio, restaurantes e bares também com floreira e plantas nas calçadas, dando um ar agradável ao ambiente, cercado de árvores, muitas árvores.
Nisso, vi um movimento maior : era talvez, alguma autoridade numa praça pública, dando explicações /informações ao público, que se manifestava, sobre algum futuro projeto... A comunidade se reúne, diziam-me.
Mais tarde soube, que estas autoridades não recebem salário, em troca tem facilidades para o seu sustento.
Soube que o índice escolar e de saúde eram as prioridades dos governos desta cidade.
Sentei-me numa mesa na calçada e pude observar o ambiente: idosos passeavam de mãos dadas, crianças de rostos rosados iam á escola, um casal de namorados, acredito, trocavam juras de amor.Os pássaros cantavam nas árvores. Notei que as pessoas se cumprimentavam em silêncio, balançando as cabeças com sorrisos.
Tomei o café, sendo saudado pelo garçom, um senhor de idade, com uma marcante dignidade .
Devo ter passado poucas horas e o trem saía pontualmente.
Retornei e não mais vi o cantor de blues com sua guitarra, nem a sua companheira de dentes muito claros..
Tudo permanecia igual, parecia que o tempo parou ali, naquele lugar feliz.
Da janela do trem, que vagarosamente se afastava, tentei com ansiedade ler o nome daquela cidade. Não consegui. Adormeci, embalado pelo movimento do trem e por aquela paisagem externa. Lembrou-me de um amor que tive e que não deu tempo de continuar...
Foi tudo muito rápido, como só acontecem com as coisa boas...Uma breve melancolia me possuiu...
Súbito o bilheteiro abriu a porta da cabine e disparou:" -bilhete por favor!!..."
Acordei com um barulho infernal de obra, mais um prédio no meu bairro...

f.a.

2 comentários:

  1. Flora, sera que algum dia o nosso país sera assim?
    Com lugares calmos, pessoas educadas uma boa música um bom ar...

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  2. Querida Gabi:
    O dia que tivermos educação e saúde, sim!!
    Caso contrário, infelizmente, não!!
    Exs. como a Espanha, Irlanda, Japão estão aí para provar.
    Sua,
    f.a.

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